Nesta segunda-feira (10), a Justiça da Espanha condenou três torcedores do Valencia a oito meses de prisão por insultos racistas dirigidos a Vinicius Junior, do Real Madrid, durante uma partida em maio de 2023. Além da pena de prisão, os condenados estão proibidos de entrar em qualquer estádio de futebol em solo espanhol por dois anos. Essa é a primeira condenação na Espanha por racismo no futebol, marcando um momento histórico na luta contra a discriminação nos esportes.
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Detalhes do caso e da sentença
Os incidentes ocorreram durante o confronto entre Valencia e Real Madrid no estádio Mestalla. Os torcedores foram identificados pelas câmeras de monitoramento do estádio após Vinicius Junior ter sido chamado de “macaco” por parte da torcida do Valencia. A Justiça espanhola condenou os três torcedores com base no crime contra a integridade moral, previsto no art. 173.1 do Código Penal, com agravante de discriminação por motivos racistas (art. 22.4 do Código Penal).
Inicialmente, a pena aplicada era de um ano, mas foi reduzida em um terço devido à conformidade dos acusados na fase de investigação. Os três torcedores, durante a audiência, leram uma carta com pedidos de desculpas a Vinicius Junior, à La Liga e ao Real Madrid. A defesa dos condenados ainda não informou se vai recorrer da sentença.
Impacto e repercussão do caso
A indignação de Vinicius Junior com os insultos racistas gerou um movimento significativo contra o racismo no futebol. Durante o jogo, Vinicius identificou um dos agressores e reclamou diretamente ao árbitro Ricardo De Burgos Bengoetxea, que paralisou a partida. As críticas do jogador foram dirigidas à liga espanhola, cobrando uma postura mais rígida contra os diversos casos de racismo.
Javier Tebas, presidente da La Liga, inicialmente rebateu as críticas, mas posteriormente se desculpou devido à ampla repercussão do caso. O episódio ganhou destaque nos principais portais de notícias e se tornou até assunto diplomático, com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente espanhol Pedro Sánchez manifestando apoio a Vinicius Junior e cobrando ações efetivas contra o racismo no futebol.
Vinicius Junior celebra a condenação por racismo
Vinicius Junior, concentrado com a seleção brasileira nos Estados Unidos para a disputa da Copa América, comemorou a decisão. “Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol’. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí.”
Histórico dos ataques racistas
O incidente no Mestalla foi o ponto alto de uma série de ataques racistas sofridos por Vinicius Junior na Espanha. Durante o jogo entre Valencia e Real Madrid em 21 de maio, torcedores do Valencia proferiram insultos racistas, resultando na paralisação da partida. Vinicius identificou um dos torcedores, levando à intervenção das autoridades e à posterior condenação.
A condenação dos torcedores do Valencia é um marco na luta contra o racismo no futebol espanhol, enviando uma mensagem clara de que atitudes discriminatórias não serão toleradas. O caso destaca a importância de medidas rigorosas para combater o racismo e proteger a integridade moral dos jogadores e de todos os envolvidos no esporte.
*Foto: Reprodução / Redes Sociais
